Casinha de 86 M² em Minas Gerais vai roubar seu coração

Construída na região metropolitana de Belo Horizonte – MG, a casa surge como uma resposta orgânica a habitação temporária entre cachoeiras e matas.
Compacta, com dois pavimentos, a casa estrutura-se no pavimento térreo como prolongamento da paisagem exterior. No piso superior, quarto e varanda permitem desfrutar a bela paisagem local.
Em 1993, o arquiteto e o artista plástico formavam uma das duplas participantes do projeto Sensações, idealizado pelo também artista plástico George Hardy. A intenção de Hardy era implantar em uma gleba de 10.000 m2, localizada na cidade de Santana do Riacho, junto à serra do Cipó, um misto de pousada – composta por diversas unidades autônomas, desenhadas por diferentes autores – e centro cultural. O projeto não foi adiante, mas, em 1999, a proposta de Diniz e Jorge dos Anjos foi retomada, em outro local: o condomínio Estância das Amendoeiras, no município de Lagoa Santa.
Como o novo terreno também não estava distante da mítica serra – palco de diversas histórias que têm como personagens seres extraterrestres -, era natural que o projeto conservasse sua essência, mantendo praticamente intato o desenho preliminar.

Paredes de alvenaria, cobertura curva de folha de coqueiros-buritis e estruturas de eucalipto estavam especificados no estudo original, escolhidos pelo baixo custo e por requisitarem tecnologia simplificada. Na revisão feita em 1999, os dois últimos materiais deram lugar a telhas termoacústicas e tubos metálicos. As fachadas são marcadas por desenhos em baixo relevo, de Jorge dos Anjos. “Foram feitas as necessárias adaptações high-tech, ou uai-tech, à tecnologia própria de Minas Gerais”, brinca Diniz.

Apesar da mudança de materiais, a configuração espacial permaneceu. No térreo, onde se distribuem o estar, a cozinha e o banheiro, a casa é extensão da paisagem, da qual se apropria por meio da elevada permeabilidade interior/exterior. Já no primeiro piso, a relação se inverte: quarto e varanda mostram-se locais adequados à fruição da natureza, enxergando-se dali a mata, o céu e os morros que formam o cenário do entorno. Jorge dos Anjos, parceiro de Diniz em outras obras, é também responsável pelo design das luminárias e autor de esculturas e outros desenhos adotados na residência. “A casa se completa na razão, sentimento, risco e estética dos autores do projeto e posteriormente de seus moradores. A proposta de extensão da natureza toma forma através do gesto e do desejo humano”, observa o arquiteto. Ele considera fundamental na obra a presença do engenheiro e construtor Frederico Grimaldi, com que, segundo Diniz, completou-se a santíssima trindade desejada em qualquer construção: arquiteto, engenheiro e proprietário – este, o próprio Jorge dos Anjos.

Uma grande sala de estar, cozinha e dormitório, com grandes janelas e uma varanda que permitem a constante apreciação da paisagem. Há ainda um pequeno terraço promovido como espaço de convivência. O piso é de madeira e telhas metálicas garantem conforto térmico e acústico


João Diniz também propõe a transArquitetura como disciplina, que é a arquitetura vista em suas diversas potencialidades: o texto, a música, o vídeo, desenho, fotografia, design… Que não se limita a alunos e profissionais da arquitetura e oferece uma perspectiva multimídia dos espaços. Confira mais em seu blog.
Conheça também o trabalho de Jorge dos Anjos, artista plástico convidado para o projeto.
Fotos: Marcílio Gazzinelli